“O hiper-consumismo levou-nos à ruína económica e à destruição.”
Por Fernanda Brito

Maria de Medeiros é uma conhecida atriz, cineasta e cantora portuguesa de 47 anos. Filha do maestro António Vitorino de Almeida e neta da escritora Odete Saint Maurice, Maria segue a tradição de uma família ligada ao mundo das artes.
Dona de uma invejável carreira marcada por 30 anos de inúmeros sucessos, Maria é por muitos apelidada como a mais internacional das atrizes portuguesas. O feito deve-se ao facto de ter participado em filmes tão mediáticos como Henry & June ou Pulp Fiction, onde teve a oportunidade de contracenar com Uma Thurman, Bruce Willis, John Travolta e Samuel L. Jackson. Ainda assim, quando questionada sobre quais são as suas grandes vitórias profissionais, as escolhas de Maria recaem sobre a sua capacidade de “trazer à luz filmes em circunstâncias adversas” e também a oportunidade que teve de realizar “Capitães de Abril”, pois assim pôde “contar ao mundo a nossa extraordinária e humana revolução dos cravos, que se torna cada vez mais exemplar à medida que o tempo passa.” Porque afinal de contas, para Maria, “saber quem somos é difícil” porque estamos sempre em mudança. Mudança essa que, no que toca a questões ambientais, não passa despercebida a Maria de Medeiros, que se assume nesta entrevista como uma mulher preocupada com a sustentabilidade do planeta.

Como é que começou o seu percurso profissional?

Comecei no cinema pela mão de João César Monteiro aos 15 anos, no filme “Silvestre”.
Aprendi com ele e com todos os colaboradores desse filme mágico uma visão exigente e poética do cinema. Os anos de estudo que se seguiram serviram para aprofundar muitas das sensações e intuições dessa primeira experiência.
Dos vários filmes em que participou, há algum que destaque, para si, por passar uma mensagem mais especial?
Tive a sorte de trabalhar com grandes artistas com os quais aprendi muito e continuo a aprender. Infelizmente, alguns dos filmes pelos quais tenho mais carinho não foram exibidos em Portugal, como é o caso do italiano “Il resto di niente” de Antonietta de Lillo, apesar de contar a vida de uma portuguesa extraordinária, Leonor Fonseca Pimentel, na Nápoles do século XVIII. Não sei se o filme “The sad-

dest music in the world” de Guy Maddin, foi apresentado, mas ele é certamente um dos realizadores mais criativos com
quem trabalhei.

Além de uma reconhecida atriz, a Maria brindou-nos mais recentemente com um seu novo talento. Falo do talento para a música. Como é que descobriu esta vocação?
A inspiração familiar falou mais alto?

A música sempre fez parte da minha vida. É sem dúvida um grande privilégio ser filha do meu pai e é inestimável o que
aprendi com ele, até simplesmente ouvindo-o tocar e compor. O meu respeito por ele e pela minha irmã mais nova, Ana
– compositora e violinista – é tão grande, que durante muitos anos não me atrevi a entrar no domínio da música. Fui entrando pouco a pouco, precisamente através da minha experiência como atriz, em que ia cantando no teatro ou em filmes. Mas gravar discos e apresentar concertos são efetivamente aventuras novas para mim.

Qual é o seu mais recente projeto musical?

Estou agora a terminar o meu terceiro disco, “Pássaros Eternos”, no qual pela primeira vez compus e escrevi canções.
Nele, tive também a alegria de colaborar com alguns dos músicos atuais que mais admiro, como o Legendary Tigerman
(Paulo Furtado). O disco vai sair em Espanha no próximo mês de novembro e espero que logo a seguir em Portugal.

E no que toca a relaxar. É fã de tratamentos de estética, massagens, termas, e/ou Spas?

Sou superfã das quatro sugestões que me apresenta e estou sempre a sonhar com a maravilhosa perspetiva de ir fazer
todas elas, mas infelizmente nunca tenho tempo. Também gosto e pratico yoga, embora não tanto quanto gostaria.

Conhecida por ser uma mulher saudável, gostaríamos que partilhasse connosco quais os seus segredos, para manter uma saúde de ferro?

A saúde para mim, é sem dúvida alguma, a maior das dádivas. O meu avô materno, o Dr. Constantino Esteves – médico obstetra e pediatra responsável durante anos pelo serviço de prematuros na maternidade Alfredo da Costa – ensinou a toda a família o hábito de tomar vitaminas todos os dias. Com o passar dos anos, têm surgido várias opiniões  contraditórias em relação às vitaminas, mas a verdade é que, talvez por homenagem ao meu avô, continuo a tomar religiosamente o meu concentrado de vitaminas efervescente todas as manhãs. Outra boa dica é dormir bem e escutar o que o nosso organismo nos diz.

Veste então a camisola pelas causas ligadas à saúde?

Visto a camisola por todas as causas ligadas à saúde. Penso que a saúde deveria ser gratuita e de fácil acesso para todos.

A nível alimentar, tem algum cuidado especial com aquilo que come?

Sim claro. Não como nada além da fome que realmente tenho. E friso que quando a cabeça ou os problemas afetivos começam a mandar no estômago, vamos por

um mau caminho. Outro grande erro é deixarmos de fazer o que o organismo pede – que costuma ser bem menos do
que aquilo que os hábitos sociais foram impondo – como o caso de beber água.
Por sorte para mim, não há bebida no mundo que mais me agrade que a água. É o que bebo e as minhas crianças também.

E é fã de produtos naturais ou biológicos?

Sim, tento privilegiar os produtos naturais, recentemente por exemplo, comecei a tomar comprimidos de magnésio,
que me ajudaram a livrar-me de umas terríveis cãibras que sentia. Adoro também chazinhos e sou fanática por sopas
portuguesas. Costumo dizer que 90% do meu patriotismo se concentra na sopa de legumes. Para mim, as sopas de Portugal são as melhores sopas do mundo.

E por fim, sabemos que a Maria se assume como uma mulher preocupada com as várias questões ligadas à sustentabilidade do planeta. Qual pensa ser a/as melhor/ores solução/ões para este  problema?

Como ser humano, seria impossível não me preocupar com as questões ambientais que afetam o nosso planeta. É a terra
onde nasci, onde todos nascemos e só

temos esta. É preciso repensar a fundo o sistema, se não queremos destruir este planeta azul que nos dá vida. Penso que
há que consumir menos e pensar mais.
O hiper-consumismo levou-nos à ruína económica e à destruição. Às vezes o que tem mais valor não custa absolutamente nada. Sem pensamento e consciência, podemos transformar-nos no mais monstruoso dos animais.

Agradecimentos

Fotos Gentilmente Cedidas por:

Atelier Gio Rodrigues
Rua 31 de Janeiro, 114
4100-542 Porto
Tel: (+351) 220 175 654
E-mail: atelier@giorodrigues.com
www.giorodrigues.com

Maria de Medeiros é embaixadora da marca Gio Rodrigues.

“Fico sempre feliz por colaborar com o Gio Rodrigues. Gostei da forma simples como me abordou e me surpreendeu com suas talentosas criações. É uma pessoa muito criativa, corajosa e com um espírito positivo que não é comum.
Tanto ele como eu gostamos do diálogo entre as artes. Daí nascem coisas bonitas e muita amizade.”