Parte I

Hiperplasia benigna da próstata, inflamação ou cancro, químicos ou cirurgia são a solução… mas como evitar? Saiba quais as alternativas naturais e a verdade sobre o PSA!

Por Sandra Eloi

Naturopata

Pós graduada em Práticas Clínicas Naturopáticas – Instituto Piaget

Mestranda em Fitotecnologia Nutricional para a Saúde Humana –

FCT/FCM Universidade Nova Lisboa

CP n.º 0300440 | CP n.º 0400363

Começo por dizer-lhe que devido à quantidade de informação que quero passar-lhe iremos dividir este artigo em duas partes. A primeira parte, esta que vai ler nesta edição, será um pouco mais técnica, mas importantíssima para entender um pouco melhor a linguagem utlizada ao redor deste problema. A segunda parte será para lhe dar algumas dicas, clinicamente comprovadas, para melhorar a saúde da sua próstata. Vou trazer-lhe um pouco de alimentação, nutrição e medicina ortomolecular. 

Faz parte da vida do homem chegar à idade em que ouve falar do PSA. O médico vai explicar-lhe que é altura de vigiar a próstata para fazer o despiste do cancro ou da Hiperplasia Benigna da Próstata (HBP). Muitas vezes não há nem nunca houve sintomas relacionados com essa mesma HBP mas como as análises apresentam um PSA elevado, o destino está traçado! Comecemos por perceber o que é o PSA (Antigénio Específico da Próstata). Trata-se de uma glicoproteína com função de enzima, produzida quase exclusivamente pelas células epiteliais da próstata mas também existe no esperma e no sangue periférico e por isso é possível medir os níveis de PSA no sangue, através de uma simples análise sanguínea. 

O que acontece habitualmente é que perante um valor de PSA aumentado segue-se para o despiste de cancro da próstata, uma vez que torna o doente suspeito de ser portador de um cancro. Este é o procedimento banal, mas sabe-se que o PSA pode estar elevado noutras situações, por exemplo, uma prostatite (inflamação da próstata), uma infeção urinária ou uma infeção genital. Pode ainda elevar após a realização de uma endoscopia ou da biópsia da próstata, sem que por isso seja um sinal de alerta ou de presença de cancro. Mas muitas vezes estas situações não são tidas em conta! O PSA adquiriu mais força e importância no diagnóstico do que na realidade tem.

O médico “criador” deste parâmetro (PSA), Dr. Richard Ablin, professor de imunologia e Patologia da Universidade de Arizona (EEUU) é o próprio a chamar a atenção que este teste está a ser utilizado para diagnosticar o cancro da próstata quando a verdade é que não serve para isso! 

Num artigo de sua autoria, publicado no New York Times em 2010, com o título “The Great Prostate Mistake” – O Grande Erro da Próstata – refere que nunca pensou que a sua descoberta levasse a um desastre de saúde público. O erro de utilizar este marcador para despiste de cancro levou a inúmeros casos clínicos sobrediagnosticados e aconselhados a cirurgias desnecessárias com consequências irreversíveis! (Ler mais em www.nytimes.com › opinion › 10Ablin).

Um estudo europeu publicado no The New England Journal of Medicine vem confirmar isso mesmo! Os investigadores concluiram zque “A triagem baseada em PSA reduziu a taxa de morte por cancro de próstata em 20% mas foi associada a um alto risco de sobrediagnóstico.” O Colégio Americano de Medicina Preventiva também concluiu que não há evidências suficientes para recomendar a triagem de rotina com PSA …então fica a pergunta, se não é o método de despiste correto por que ainda é usado? Richard Ablin afirma “continua a ser usado porque as empresas farmacêuticas continuam a vendê-lo!” (www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa081008). 

Perante estas incertezas, muitos são os estudos clínicos efetuados com o propósito de solucionar esta necessidade de arranjar um marcador analítico de despiste eficaz. 

O Dr. D.M.Peehl, num trabalho publicado em 1995, focou pela primeira vez a relação entre o IGF-1 e os problemas prostáticos. A alimentação rica em açúcares e hidratos de carbono origina acidez orgânica e dá origem ao aparecimento da HBP e do cancro. Com o uso abusivo de açúcares há uma elevada produção insulínica que pode provocar uma resistência à insulina por parte das células, por consequência aumenta a produção de IGF-1 (Factor de Crescimento insulínico) que tem como função ajudar na manutenção dos níveis de açúcar no sangue e em níveis altos desempenha as mesmas funções que a insulina diminuindo os níveis de glicose rapidamente. O Dr. Peehl constatou in vitro que as células da próstata têm recetores para o IGF-1 e que este fator de crescimento aumenta a atividade mitogénica das células, ou seja, estimula a proliferação celular, desencadeando a mitose. É o mesmo que dizer que estimula o aumento da próstata, do seu volume, dando origem à Hiperplasia Benigna da Próstata ou mesmo ao cancro (World Journal of Urology). 

Depois deste trabalho o IGF-1 continuou a ser objeto de estudo e ao longo dos anos são variadíssimos os estudos que voltam a apontá-lo como uma possibilidade de triagem para o cancro da próstata. 

Uma equipa coordenada pelo Dr. Melnik da Universidade de Osnabruck na Alemanha afirma num estudo publicado no Nutricion & Metabolism que as pessoas que padecem de uma perturbação na produção de IGF-1 (IGF-1 baixo) têm menos incidência de cancro, o que vem de encontro ao já conhecido anteriormente.

Atualmente é ponto assente que a alimentação rica em açúcares, o alto índice glicémico e a presença de IGF – 1 elevado é uma das razões para o aumento dos casos de cancro de próstata. Uma das estratégias para controlar este problema mundial passa por adequar uma alimentação equilibrada com muitas frutas e verduras frescas. Alguns estudos indicam-nos quais os melhores alimentos, vitaminas e minerais que podem ajudar a manter a sua próstata saudável, reverter a HBP ou mesmo auxiliar em caso de cancro. Na parte II deste artigo falarei também sobre medicina ortomolecular. Utiliza-se somente a molécula ou moléculas que sabemos que são as responsáveis pelos resultados, por exemplo:

O licopeno presente no tomate, o resveratrol presente nas uvas pretas, a curcumina do açafrão, a silimarina do Cardo Mariano, entre muitas outras! Veremos tudo isto na próxima edição. Até lá… não se esqueça, acabe com os alimentos açucarados e comece a planear novos hábitos alimentares! É fácil, vai ver! |