É um problema global porque as causas também o são!
A aprendizagem fica comprometida e as consequências psicológicas acabam por afetar não só a criança como o núcleo familiar.
As crianças com défice de atenção e memória merecem uma atenção especial, os Pais precisam de um apoio diferente e os professores deveriam ter uma preparação ajustada. Geralmente ouvimos falar em défice de atenção e hiperatividade, eu pessoalmente desconsidero a hiperatividade, porque na realidade são condições completamente distintas. O défice de atenção é uma incapacidade de estar atento, o défice de memória uma incapacidade de memorizar o que se aprende (claro que se não estiver atento não aprende!). Quanto à hiperatividade gosto de chamar-lhe híper energia e muitas vezes híper energia associada a híper confiança…e às vezes alguma falta de regras! Em consulta consigo criar muito facilmente três categorias, digamos assim, onde encaixo cada criança. Então:
Crianças com défice de atenção – não têm que ter obrigatoriamente problemas de memória pois somente não conseguem estar atentas a nada do que se lhes transmite, como tal não aprendem!
Crianças com défice de memória – crianças que estudam e estão atentas na aula mas não conseguem memorizar. Precisam de estudar muito para ter notas medíocres.
Crianças hiperenergéticas e hiperconfiantes – Por vezes têm boa memória mas não estão atentas, comportam-se não como pequenos adultos mas sim como adultos pequenos, comportamento que adotam muitas vezes com um dos progenitores. Têm dificuldade na aprendizagem porque estão sempre a fazer algo, a conversar, distraídas ou acham que simplesmente o que se lhes está a ensinar não serve para nada!
Primeiro que tudo, é importante perceber o que está por trás destes distúrbios e fazer por equilibrar. Não é com medicamentos que se resolve, embora seja a estratégia proposta na maioria dos casos. O que constato em consulta é que muitas crianças fazem terapêutica para a hiperatividade mesmo não sendo a categoria onde a criança se encaixa! Quando desenvolvi o meu estudo clínico sobre as crianças com défice de atenção e memória, fiz uma pesquisa muito aprofundada sobre estes distúrbios infantis e foi com muita tristeza que li alguns relatórios onde constavam casos de crianças de dois e três anos de idade a tomar medicação para a hiperatividade. Ainda mais triste foi o facto de os médicos envolvidos justificarem a prescrição com: “a pedido e persistência dos pais”!
Em maio de 2017, tive o gosto de apresentar perante um júri do Núcleo de Investigação, na Faculdade de Farmácia, um método de tratamento que criei para ajudar estas crianças e respetivos pais. Este método concilia três terapias diferentes na mesma sessão de tratamento – As Biorresonâncias; a auriculoterapia (LLT) e a drenagem linfática. Durante dois anos estudei e conciliei várias estratégias até conseguir alcançar os resultados pretendidos. Este método que pratico atualmente apresenta resultados em quatro a seis semanas e requer um trabalho de equipa; Clínica, casa, escola e também casa dos avós.
Existem alguns fatores desencadeantes que temos que tentar evitar ao máximo e é aqui que é necessário “mão firme!” Por norma a alimentação é sempre desadequada. As crianças comem demasiados alimentos refinados, fritos, excesso de hidratos de carbono simples, ou seja, açúcares e farinhas. Apresentam uma dependência por açúcares difícil de controlar e muitas vezes são violentos quando se negam os doces. O que acontece a nível neuronal com este tipo de alimentação é exatamente uma dependência. O glúten por exemplo, gera gluteomorfinas, a caseína do leite de vaca gera caseomorfinas, estas substâncias que são subprodutos da digestão que têm um efeito semelhante à morfina. O queijo, por sua vez, é o derivado do leite com maior concentração de caseína a que temos acesso. Estas substâncias são opioides que se ligam aos recetores no cérebro e provocam os efeitos da classe de drogas como a heroína e a morfina. Para ter uma ideia de ação destas substâncias, posso dizer-lhe que apresentam um poder equivalente a 10% da morfina e estão relacionadas a transtornos de humor, esquizofrenia, diabetes tipo I, doenças cardiovasculares e autismo. Também induzem à produção de auto anticorpos contra o cérebro. (Ler mais em http://repositorio.uniceub.br/bitstream/235/3929/3/20903841.pdf).
Um estudo clínico apresentado pela Dra. Indhira Alparo Herrera, Pediatra Gastrenterologista no Hospital del Niño aponta ainda a outros fatores desencadeantes implicados nestes transtornos: antibióticos, antipiréticos, anti–inflamatórios não esteroides (AINE), pesticidas, toxinas, aditivos químicos, corantes e conservantes. (Ler mais em: Rev. bol. ped. v.52 n.3 La Paz 2013).
Estas crianças apresentam também uma alteração no pH sanguíneo e insuficiência enzimática o que complica a digestão e consequente absorção de nutrientes, principalmente das proteínas. Na generalidade têm problemas intestinais, diarreia ou obstipação. A água da torneira é outro inimigo, contém cloro, flúor, pesticidas, alumínio e chumbo. As horas de sono também não são respeitadas e as horas de estudo nem se fala!
Neste momento deve estar a pensar…é a alimentação que faço ao meu filho… não dorme bem…queixa-se persistentemente da barriga e mando-lhe água da torneira diariamente para a escola bem como o lanchinho com os lácteos e pão branco!
Bom, está na altura de mudar!
Neste artigo vou deixar-lhe umas dicas para começar já a praticar, no seguinte explicarei ao pormenor o que está clinicamente comprovado relativamente a suplementos alimentares e terapias.
Para já comece por aqui:
Alimentação – Elimine hidratos refinados e alimentos processados da alimentação do seu filho – pão branco, bolachas, pizzas, bolos, pasteis, sumos com açúcares adicionados, refrigerantes. Corte com fritos, enchidos, doces. Dê cereais sem glúten e abula os lácteos de vaca.
Água – Opte por água filtrada, deve beber 1 L de água ao dia. Faça infusões, a camomila e a flor de laranjeira são plantas excelentes!
Sono – Não permita aparelhos eletrónicos no quarto, habitue o seu filho a um horário certo para deitar e levantar. Respeite os ciclos circadianos, o cérebro agradece!
Medicamentos – Não medique ou suplemente o seu filho sem aconselhamento profissional.
Hábitos saudáveis – Cozinhe com água filtrada. Faça refeições ricas em vitaminas, minerais, fibras, proteína, gorduras de origem vegetal. Se puder, consuma alimentos biológicos. Não os cozinhe demasiado. As refeições não devem ser substituídas por “sandes”.
Horas de estudo – Todos os dias deve haver uma hora de estudo. Rever o que se deu no próprio dia na aula, manter os cadernos limpos e organizados. |
Na próxima edição, falaremos de suplementos, infusões e refeições combinadas. Dicas para o trânsito intestinal regular e um sono tranquilo. Mãos à obra!
Sandra Eloi
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