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QUINTA DOS PERFUMES

Entre o mar e a serra

Por Luís Filipe Freitas e Ana Filipa Pires

Perfazendo um total de 40 hectares, a Quinta dos Perfumes pretende juntar a agricultura ao turismo, com o máximo cuidado ecológico e ambiental, para um mais aprazível contacto com a Natureza. Os hóspedes do complexo hoteleiro, que reabre no dia 1 de março, poderão usufruir de uma estadia com todas as comodidades no campo, mas com a praia a dois passos.

 

Um pouco de história 

A Quinta dos Perfumes deve o seu apelativo nome ao facto de, nos anos 50 do século passado, aqui se ter localizado uma fábrica de essências de perfumes de malva, cujos armazéns industriais e destilaria foram mais tarde aproveitados. «O meu avô materno, que era da Guarda, comprou esta propriedade em 1975 e plantou videiras de vinho de mesa», explica Pedro Estrela. «Em 2003 os meus pais ficaram com ela como herança e o meu pai, que é médico e está reformado, começou a dedicar-se à agricultura e conseguiu renovar a quinta». Assim, atualmente, como a vinha entrou em declínio e a sua produção era muito complicada, uma atividade muito exigente relativamente aos tratamentos, nenhuma dessas variedades originais se mantém, apesar de a uva ter sido muito boa. Sendo o laranjal típico do Algarve, «o meu pai iniciou a renovação, foi renovando talhão a talhão, por exemplo quatro hectares aqui, dois ali, mais cinco e por aí fora», explica o proprietário, cuja família decidiu criar ainda uma unidade hoteleira, a funcionar desde 2013.

Da horta para a mesa

Atualmente, a produção agrícola da Quinta dos Perfumes centra-se nos citrinos, que são vendidos para consumo e para sumo. «Temos 30 hectares de laranja de várias variedades, começamos a apanhá-las em fevereiro, março e conseguimos ir até outubro, depende da quantidade do açúcar e da exigência do mercado», afirma Pedro Estrela. Na Horta Biológica encontramos, para além de plantas aromáticas, uma grande variedade de produtos saudáveis, desde tomates cherry, cebolas, morangos, melancias, melões, meloas, framboesas e amoras, pessegueiros, ameixeiras, até pataias, goji, physalis, anoneiras e mangueiras. Existem ainda uma plantação com 10 hectares de abacates, limoeiros numa outra quinta pertencente ao mesmo grupo, nogueiras comuns, como um grande exemplar localizado à entrada da propriedade, e medronheiros, que amadurecem em outubro. Todos estes produtos naturais são utilizados na alimentação e no agroturismo e verifica-se cada vez mais uma tentativa de transitar da agricultura tradicional para a biológica, no que «é chamado proteção integrada, temos cadernos de campo controlados por dois engenheiros; alguns dos tratamentos são biológicos, temos as caixinhas de monotorização da mosca e atrativo da mosca; todos os produtos que utilizamos são homologados e autorizados», refere o proprietário, que tem uma pós-graduação em ecoturismo. Ainda tendo em conta a proteção do meu ambiente, o complexo inclui uma estação de tratamentos de águas: «A água da fossa tratada vai para as laranjeiras e elas adoram, estão muito verdes, porque essa água tem muitos nutrientes».

«Temos o melhor de dois mundos, conseguimos contactar com pessoas de fora e viver numa zona ainda tranquila, tentamos mostrar o que o Algarve tem de melhor», assegura o proprietário da Quinta dos Perfumes.

Agroturismo pioneiro 

A partir do momento em que se iniciou esta valência, em dezembro de 2013, Pedro Estrela considera que «fomos mais ou menos pioneiros em ter na zona um agroturismo dentro de uma exploração agrícola sustentável. Começamos com seis quartos, temos estúdios (quartos maiores que permitem acomodar uma família até dois filhos) e dois duplos». Em 2017, numa segunda fase, o hotel expandiu e há agora nove quartos deluxe e terrace, mais oito quartos duplos e estúdios.

Existe uma piscina exterior de água salgada isolada no meio do laranjal, um circuito de pouco mais de dois quilómetros para os clientes correrem ou passearem a pé ou de bicicleta, em veículos de duas rodas à disponibilidade, podendo apreciar o odor das malvas, jasmins, papiros, angélicas, gáureas, e outras plantas, ou cruzar-se com a fauna predominante no espaço, com lebres, coelhos, raposas, perdizes, águias ou outros pássaros que circundam o céu da quinta. A zona do relvado com day beds é ideal para relaxar e ler e do terraço/rooftop a paisagem vislumbrada transmite «a noção do que é o Algarve. Virado a sul temos o azul do mar com o verde das árvores, rodando para norte temos a serra e o barrocal».   

Para além do apoio personalizado ao cliente, uma das ofertas é o Ioga, realizado por volta das 9h30 de terça feira, durante uma hora. Embora com algumas limitações, o restaurante está a funcionar, com refeições ligeiras, ao fim da tarde, e o pequeno-almoço é servido à carta devido a pandemia, «normalmente é buffet». 

Com uma localização privilegiada, «perto de tudo», não será necessário andar muito a pé para chegar a uma das muitas praias próximas, todas num raio de menos de 20 quilómetros: a Praia do Barril, a Ilha de Tavira, a Praia de Cabanas, a Praia da Fábrica, a Praia de Cacela Velha (com um grande areal, menos ventoso), a Praia da Manta Rota e a Praia Verde. Em Cabanas de Tavira, a oferta de restaurantes é mais do que suficiente e é possível marcar passeios de barco. 

Em Tavira, alguns dos pontos de interesse mais relevantes serão o Núcleo Museológico Islâmico, o Castelo e as Muralhas e o Convento de Nossa Senhora da Graça. Também se aconselha um passeio pela Ponte Antiga sobre o rio Gilão e pelo Parque Natural da Ria Formosa, com percursos pedestres. Um pouco mais longe, será possível visitar Cacela, uma aldeia medieval de pescadores e, em Vila Real de Santo António, sugere-se uma passagem pelo edifício da Câmara Municipal, a igreja matriz, e o rádio-farol, com panorama sobre toda a cidade e arredores. Outras atrações turísticas, indicadas para quem deseja diversificar um pouco as atividades lúdicas, serão os vestígios de dólmenes cobertos, rodeados de menires, na Quinta da Nora e Herdade de Marcela, e o Centro de Educação Ambiental de Marim, perto de Olhão, cujo Mercado também é muito conhecido. 

               

Planos para o futuro

De 1 de novembro a 1 de março o hotel está fechado, para desmontar, limpar, fazer arranjos e muitas melhorias, período em que os proprietários se dedicam ainda à exploração agrícola e a outros projetos, noutras quintas. E, de acordo com Pedro Estrela, «há muita coisa a melhorar. A pandemia travou muita coisa, relativamente ao investimento e à liberdade mental para o fazer, porque nem tudo é permitido». Para o futuro, ficam novos desafios: «Vamos tentar fazer outro projeto de turismo com piscina e jardim próprio, dentro da mesma quinta. Mas em Portugal a burocracia demora muito tempo. Esta empresa é sustentável, e pretendemos criar projetos sustentáveis que funcionem e que segurem aqui as pessoas, e que acabem por desenvolver toda a região, desde o artesanato à restauração, passando pelos passeios marítimos». Está programado um Retiro para abril de 2022, com quase todos os quartos ocupados, e a ideia será realizar outros eventos do género, aproveitando o espaço verde para se adaptar a retiros de meditação ou ioga. Prevê-se ainda a realização de provas de vinhos, como já aconteceu no passado, assim como outras atividades lúdicas, como festas de cocktail na piscina. 

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