Problemas gastrointestinais:

Problemas gastrointestinais: uma abordagem integrada de saúde humana

O corpo humano, do ponto de vista do seu estudo anatómico, é dividido em sistemas ou aparelhos que servem as distintas funções orgânicas. De entre os
diversos sistemas existentes no ser humano, aquele sobre o qual no vamos debruçar neste artigo, não é por que seja mais importante que os demais, mas
porque este sistema é responsável pela obtenção de nutrientes ou nutrimentos através da hidrólise dos alimentos. Falamos, claro está, do sistema digestivo ou
gastrointestinal, que permite a digestão e consequente absorção dos nutrientes para a vida humana. O sistema digestivo, em termos práticos e de uma forma
simplicista, pode entender-se como um conjunto de órgãos ocos, formando todo um contínuo desde a região da boca até à região do ânus e apenas separados por
válvulas e esfíncteres, que compreende o esófago, estômago, duodeno, intestino delgado e os diversos cólones. Associado, existem ainda vísceras maciças
que normalmente são conhecidas como glândulas anexas, de onde se destacam as glândulas salivares, o fígado ou o pâncreas, que emitem substâncias químicas
ao longo do tubo muscular e de órgãos ocos, e que facilitam a ação ou inibição de processos promovendo o processo de digestão dos alimentos. Sabemos que
nos dias de hoje a alimentação humana ainda pesa pouco nas políticas de saúde mundiais, quer para a profilaxia de doenças quer no seu tratamento. No entanto,
nomeadamente nas sociedades ditas industrializadas, pesam muito queixas comuns a disfunções associadas a este sistema. Referimo-nos a exemplos como
o refluxo gastroesofágico, as dispepsias, disquinesias, aerocolia, hemorróidas, diarreias, obstipação, entre outras. Contudo, existem outras entidades clínicas e
patologias comuns nos nossos dias, que embora possam não parecer estar associadas a este sistema, podem do ponto de vista clínico ser avaliadas e potencialmente tratadas por diversas especialidades médicas, mas que para a sua remissão completa ou sucesso integral tenha que se ter em linha de conta a saúde ou integridade do sistema gastrointestinal.
Exemplo disto são algumas enxaquecas, dores nos ombros, cervicalgias, acne, candidíases, ou mesmo dores lombares.
A conclusão que podemos rapidamente retirar é que quase todas as pessoas têm queixas mais ou menos significativas do sistema digestivo sem no entanto apresentarem patologias definidas quer por exames complementares de diagnóstico por imagem, como ecografias ou TAC, quer por as análises laboratoriais apresentarem dados significativos. Se pensarmos neste sistema e nos órgãos/vísceras que o compõem, rapidamente percebemos que se encontra essencialmente
dentro de uma cavidade anatómica, em particular, a abdominal. Assim, a orientação e relação entre os diversos elementos deste sistema estarão dependentes,
por um lado, do movimento involuntário do diafragma, que delimita a cavidade abdominal e que está em contacto direto com alguns elementos, como as flexuras
do cólon, o fígado ou o estômago, mas também com a própria capacidade de deslize dos diversos órgãos entre si aquando do movimento do corpo humano
no espaço. Neste sentido, e numa abordagem integrada da saúde humana, é preciso analisar o sistema gastrointestinal e suas disfunções do ponto de vista
biomecânico, na medida em que as diversas peças deste puzzle se comportam como articulações, devendo para o correto funcionamento de cada uma delas existir uma correta mobilidade. A manipulação visceral praticada pelo Osteopata surge desta forma como uma abordagem que pretende restabelecer
a mobilidade e a forma, de modo a conseguir a função. Sabendo que o corpo humano tem um comportamento bioquímico e que muito dos problemas
do sistema digestivo estão relacionados com o equilíbrio electrolítico e consequente pH, a Naturopatia, por meio de substâncias naturais como plantas ou
da medicina ortomolecular, baseada na utilização de substâncias como enzimas, vitaminas, oligoelementos, entre outros, coadjuvam os diversos processos dos
elementos constituintes do aparelho gastrointestinal e, consequentemente, as funções orgânicas por ele desempenhadas.
Um outro aspeto importante prende-se com a própria alimentação, e parafraseando o pai da medicina moderna, “somos aquilo que comemos”. É de sobremaneira importante adaptarmos a nossa alimentação às nossas características genéticas e ambientais, de forma a podermos absorver o que de mais preciso for para cada organismo. É sabido e quase de senso comum que determinadas pessoas se caracterizam por serem alérgicas a alguns alimentos. Nestes casos, a ingestão de um alimento e a reação a esta ingestão é muito rápida, com intensa estimulação do sistema imunitário e suas repercussões imediatas. Contudo, casos
existem em que a ingestão de alimentos cria respostas mais insidiosas, sem uma reação tão adversa do sistema imunitário, mas que se deve à dificuldade em digerir um determinado alimento ou grupo de alimentos e consequente sensibilidade que se pode caracterizar por muitos dos sintomas ou disfunções apresentados no início deste artigo. A estes sintomas não é associada a ingestão do determinado alimento e vai-se perpetuando no tempo o problema. Neste sentido, e na perspetiva de um tratamento integral do ser humano e das implicações do sistema digestivo, surge também a possibilidade de realização de um teste de intolerância alimentar que pode predizer quais os alimentos menos indicados e tolerados para cada organismo, e dessa forma contribuir para a diminuição do
esforço e dos gastos de energia para as funções do sistema digestivo. Também nesta medida, o Naturopata poderá criar algumas orientações que não passam
unicamente pela supressão de alguns alimentos, como também por alguns cuidados dietéticos e aconselhamento na combinação de alimentos até à prescrição de complexos enzimáticos e multivitamínicos que promovam uma melhoria do metabolismo e funções do sistema digestivo ou aparelho gastrointestinal.
Com esta passagem rápida pelo sistema gastrointestinal pretendeu-se dar a conhecer as diversas abordagens para um conjunto de problemas tão comuns
na nossa sociedade e que interferem com a velha máxima da Naturopatia: tripa limpa, cabeça fria e extremidades quentes.

Por Dr. Nuno Matos
Osteopata – Gabinete de Terapias
Manuais e Medicina Integrada
Cascais
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