Nome científico: Ginkgo biloba L.
Ginkgo bilo
Ginkgo biloba é uma árvore originária da China. É considerado um fóssil vivo, por ser a única árvore do Mesozoico (onde viveu rodeado de dinossáurios há 200 milhões de anos) que chegou aos nossos dias, sendo talvez a planta mais antiga do planeta.
No oriente é cultivado nos jardins dos templos sendo considerada uma árvore sagrada. Em Portugal é cultivado como ornamental podendo ser visto no Jardim Botânico da Ajuda, no Jardim Botânico da Madeira e noutros jardins de Lisboa e do Porto.
Descrição botânica
Folhas com o aspeto de um pequeno leque, em grupos de três a cinco folhas. As folhas têm um pequeno recorte na extremidade e daí o nome de biloba (1).
É uma planta dióica, isto é, há árvores só com flores masculinas e árvores só com flores femininas.
As sementes podem ser utilizadas na culinária, cozidas ou assadas. As sementes cruas têm efeito convulsivante devido à ginkgotoxina.
Parte utilizada
Folhas verdes
Principais constituintes
O extrato de folhas de Ginkgo biloba é quimicamente muito complexo.
As folhas do Ginkgo biloba contêm principalmente duas classes de compostos químicos: os flavonoides (2) e os terpenos (3).
Os terpenos da Ginkgo biloba denominam-se ginkgólidos e bilobalidos e não se encontram em mais nenhuma planta.
O principal flavonoide é a ginkgetina, uma biflavona (2).
Monografias
O Ginkgo biloba consta das monografias do ESCOP (4), da Organização Mundial de Saúde, da Agência Europeia de Medicamentos, do British Herbal Compendium e de várias farmacopeias.
Indicações terapêuticas
Tradicionalmente o Ginkgo biloba é usado para alívio da sensação de mãos e pés frios, devido a uma má circulação e para melhoria da perda de memória devido à idade.
Os extratos de Ginkgo biloba estão também indicados para vertigens e cefaleias.
Precauções de uso
O Ginkgo biloba pode aumentar o efeito de anticoagulantes bem como o efeito do ácido acetilsalicílico.
Não se recomenda o seu uso durante a gravidez e aleitamento.
Produtos que estão no mercado
Estão comercializados em Portugal medicamentos, produtos cosméticos e dezenas de suplementos alimentares com extrato de folhas de Ginkgo biloba.
Ações sobre a pele e aplicações cosméticas
• Ação anti-radicalar
Esta ação é atribuída aos flavonoides. Os extratos de Ginkgo biloba inibem a formação de vários radicais livres.
Deste modo os extratos de Ginkgo biloba estão indicados em cosméticos para protegerem a integridade da pele da face, aos agentes oxidantes.
• Ação anti-inflamatória
Esta ação é atribuída à ginkgetina e aos ginkgólidos.
Os leucotrienos são lípidos presentes nas células inflamadas, produzidos a partir dos fosfolípidos das membranas celulares. O óxido nítrico NO (5) é produzido nas células inflamadas a partir do aminoácido arginina.
Segundo vários investigadores, a ginkgetina inativa as enzimas(6) que participam na biossíntese dos leucotrienos e do óxido nítrico.
Os ginkgólidos inibem o «Fator Ativador de Plaquetas» (PAF), mediador intercelular que participa nas reações inflamatórias.
Deste modo os extratos de Ginkgo biloba estão indicados em cosméticos para a pele irritada, nomeadamente produtos para peles secas e sensíveis.
Aplicações cosméticas
As aplicações cosméticas do Ginkgo biloba podem resumir-se na seguinte tabela:

Avaliação de segurança toxicológica
Tanto a toxicidade aguda como a toxicidade crónica do Ginkgo é bastante baixa.
Segundo a monografia da Organização Mundial de Saúde, os extratos de Ginkgo biloba não demonstraram efeitos mutagénicos, carcinogénicos ou tóxicos para a reprodução.
Como possíveis reações adversas, esta monografia refere dores de cabeça, perturbações gastrointestinais e reações alérgicas.
NOTAS:
(1) Em botânica denominam-se lobadas as folhas em que o recorte não atinge metade da folha.
(2) Flavonoides: O termos flavonoide vem do latim (flavus, amarelo). Os flavonoides dão cor às flores e aos frutos. Quimicamente os flavonoides têm uma estrutura cíclica. As biflavonas são compostas por dois ciclos flavónicos unidos.
(3) Terpenos: Compostos químicos sintetizados pelas plantas constituídos por uma estrutura básica de isopreno (C5H8) que se polimeriza, originando um grande número e variedade de terpenos.
(4) ESCOP: European Scientific Cooperative On Phytotherapy
(5) Não confundir com o dióxido de azoto NO2 ou com o óxido nitroso N2O
(6) Fosfolipase A2, Ciclo-oxigenases e NO-sintetase.
Por Luís Aires
Farmacêutico
(autor do Manual de Cosmética Artesan