Uma realidade em Pediatria.

A Alergia à proteína do leite de vaca (APLV) ocorre quando o organismo do bebé/criança não reconhece a proteína do leite de vaca e reage à mesma . De todas as alergias alimentares , é a mais frequente na primeira infância. A aquisição de tolerância à proteína do leite de vaca (PLV) pode ocorrer até ao segundo ano de vida .
Os fatores predisponentes ainda não estão confirmados , no entanto poderá existir uma predisposição genética ou efeito de fatores ambientais .

As manifestações clínicas da alergia à proteína de leite de vaca não se diferenciam das outras alergias alimentares. Podem surgir imediatamente ou cerca de uma semana após a ingestão de leite de fórmula. As manifestações variam entre:

  • cutâneas (urticária, dermatite atópica, angioedema, eritema peribucal e assaduras);
  • digestivas (recusa alimentar, vómitos, cólicas, diarreia e presença de sangue nas fezes);
  • respiratórias;
  • irritabilidade;
  • choro excessivo;
  • baixo peso.

A APLV pode manifestar-se nos bebés que ingerem exclusivamente leite materno, ou nos que se alimentam de leite de fórmula. Neste último caso, será menor o risco de manifestação alérgica com a ingestão de leite parcialmente ou  extensamente hidrolisado.
O leite materno realizado exclusivamente entre os quatro e os seis meses de vida é a melhor opção para os lactentes independentemente da atopia hereditária, tornando-se num fator favorável para a tolerância à PLV. Caso seja necessário optar por leite de fórmula, deverá iniciar um leite parcialmente hidrolisado, uma vez que favorece a aquisição de  tolerância à proteína do leite de vaca.

O diagnóstico de APLV nem sempre é fácil, não só pelas suas manifestações serem idênticas às restantes alergias alimentares, como também pela semelhança com outras doenças que também podem ocorrer nesta idade, como por exemplo, cólicas, dermatite atópica e refluxo gastroesofágico.
No caso de APLV ou suspeita da mesma, perante lactentes que se alimentem de leite materno exclusivo, a mãe deve evitar a ingestão de laticínios.
O tratamento da APLV consiste na dieta isenta de proteína de leite de vaca. Deve excluir-se não só o leite como os seus derivados e verificar sempre os rótulos das embalagens de certos alimentos, tais como: bolachas, manteiga, queijo, iogurtes, entre outros. A maioria das crianças com APLV tolera carne de vaca na sua alimentação. No entanto, poderá ocorrer alergia à mesma, quando as crianças são alérgicas à albumina sérica bovina.
Frequentemente, a criança perto dos dois anos desenvolve tolerância para esta proteína, podendo voltar a incluí-la na sua alimentação, mediante recomendação e vigilância médica.
Até então deverão estar atentos: à confeção dos alimentos; leitura dos rótulos dos produtos alimentares; alertar familiares que fiquem com a criança, assim como infantário/escola; e em casos de grande sensibilidade a esta proteína, pode ocorrer a contaminação cruzada (por exemplo caso tenha acabado de ingerir leite e encoste os lábios ao bebé, podem surgir manifestações alérgicas).
Para além do leite de fórmula, existem outras opções, nomeadamente a bebida de arroz, amêndoa, soja, entre outros, que podem ou não contribuir para a aquisição de tolerância à proteína de leite de vaca. Nestes casos, deverão estar atentos à composição das bebidas para evitar défice nutricional. Nas crianças com APLV poderá ocorrer também alergia à soja.
Esta deve ser evitada em lactentes abaixo dos seis meses.

Apesar da APLV, a criança deverá realizar uma alimentação saudável e diversificada. No futuro, caso seja adquirida a tolerância a esta proteína, a alimentação poderá ocorrer sem restrições.

Delisa Ponte, Enfermeira
Suzete Amarante, Enfermeira Especialista de Saúde Infantil e Pediatria
Vera Silva, Pediatra
(Espaço Médico Pediátrico do Barreiro, geral@empb.pt)

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